Os manipuladores têm a capacidade de cultivar em nós o sentimento de culpa, nos chantagear e mentir descaradamente. Acabamos fazendo o que eles querem e mandam, mesmo que para isso seja preciso ultrapassar nossos próprios limites, como se nossa vontade nem sequer existisse. Esse jogo pode durar anos, envenenando a vida quem é manipulado.
Para que você se defenda deste tipo de pessoa, o siteIncrível.club compartilhou algumas “normas de segurança“ que foram criadas pelo expert em comunicação e treinamento Preston Ni:
Lembre-se de seus direitos inalienáveis
Você tem direito a ser respeitado por outras pessoas.
Tem direito a expressar seus sentimentos, opiniões e vontades.
Tem direito de estabelecer suas prioridades.
Tem o direito de dizer ”não” sem que se sinta culpado.
Tem direito de receber aquilo pelo que pagou.
Tem direito a expressar seus pontos de vista, mesmo que eles sejam diferentes dos demais.
Tem direito de se proteger de ameaças físicas, morais e emocionais.
E você tem direito a construir sua vida de acordo com sua própria noção de felicidade.
Estes são os limites do seu espaço pessoal. Claro que os manipuladores são grandes destruidores dos nossos limites, que não respeitam nem reconhecem nossos direitos. Porém apenas nós mesmos somos os responsáveis por nossas próprias vidas.
Mantenha distância
Durante a comunicação, um manipulador mudará sua máscara o tempo todo: com uma pessoa pode ser extremamente educado, enquanto com outro pode reagir com violência e grosseria. Em uma situação se fará passar por alguém indefeso, enquanto em outra deixará aparecer seu lado agressivo. Se você já percebeu que a personalidade de alguém tem a tendência de refletir este tipo de extremos, o melhor que você pode fazer é manter uma distância segura dessa pessoa e não se relacionar com ela a menos que seja realmente necessário.
O mais comum é que os motivos que levam a este comportamento sejam complexos e tenham raízes na infância. Corrigir, educar ou salvar um manipulador não é problema seu.
Não leve-o a sério
A tarefa de um manipulador é brincar com suas fraquezas. Não surpreende se, na presença de alguém assim, você passar a sentir sua “incapacidade” e até tentar culpar a si mesmo por não obedecer às ordens daquela pessoa. Identifique essas emoções e lembre que o problema não está em você. Estão te manipulando para fazer com que você sinta que não é suficientemente bom, e por isso deveria estar disposto a se submeter às vontades de outro alguém, chegando a renunciar aos seus próprios direitos. Analise sua relação com um manipulador respondendo mentalmente às seguintes perguntas:
Esta pessoa me demonstra verdadeiro respeito?
Suas exigências e solicitações são bem fundamentadas?
É uma relação equilibrada? Talvez você seja um dos que se esforça enquanto o outro só recebe os benefícios?
Esta relação me impede de manter uma boa relação comigo mesmo?
As respostas a estas perguntas ajudarão você a entender de quem é o problema, se ele está em você ou na outra pessoa.
Faça perguntas para testar
Os manipuladores sempre tentarão coagir você com suas solicitações ou pedidos, fazendo com que você se esqueça de si mesmo e das suas necessidades. Se o manipulador tenta te ofender ou refutar seus argumentos, mude o foco de atenção: de você mesmo para seu interlocutor. Faça-o algumas perguntas de teste e ficará mais claro para você se tal pessoa tem ao menos um pouco de autocrítica e/ou vergonha.
“Você acha que é justo o que está me pedindo?“
”Você acha que isso é justo comigo?“
“Posso ter minha própria opinião a respeito disso?”
”Você está perguntando ou afirmando?“
”O que eu recebo em troca?“
“Você acha mesmo que eu… (reformule o pedido do manipulador)…?”
Fazer estas perguntas é como colocar o manipulador em frente a um espelho, onde a pessoa verá o “reflexo“, a verdadeira natureza de seu pedido.
Ainda assim, existe um tipo único de personagem que sequer se dará ao trabalho de ouvir você, e insistirá constantemente em favor próprio. Nesse caso, siga os seguintes conselhos:
Não se apresse!
Outra das estratégias preferidas do manipulador é forçar você a responder ou agir de imediato. Numa situação em que o tempo passa rápido, é mais fácil para ele manipular para conseguir o que deseja (na linguagem de vendas, seria como dizer ”fechar logo o negócio”).
Se você sente que estão te pressionando, não se apresse a tomar uma decisão. Use o fator tempo a seu favor, retire a chance de ter sua vontade coagida. Você manterá o controle da situação dizendo apenas “eu vou pensar”. São palavras muito eficientes! Faça uma pausa para analisar prós e contras: determine se você quer continuar discutindo sobre o assunto ou dar um ”não” definitivo.
Aprenda a dizer ’não’
Saber dizer ’não’ é a parte mais importante na arte da comunicação. Uma negação clara permite que você se mantenha imóvel em sua opinião, criando uma boa relação com seu interlocutor (se as intenções dele forem saudáveis).
Lembre-se de que você tem o direito de estabelecer suas prioridades, tem direito a dizer ’não’ sem por isso sentir qualquer tipo de culpa. Você tem direito a escolher seu próprio caminho à felicidade.
Fale sobre as consequências
Como resposta às intromissões grosseiras no seu espaço pessoal e à dificuldade em aceitar seu ’não’, fale ao manipulador sobre as consequências de seus atos. A capacidade de identificar e expor de forma convincente os possíveis resultados é um dos métodos mais eficientes de truncar o jogo do manipular. Você o colocará num beco sem saída, obrigando-o a mudar de atitude com relação a você ou até a revelar qual era seu plano, inviabilizado-o.
Defenda-se de zombarias e ofensas
Às vezes os manipuladores chegam a ofender ou até zombar diretamente, tentando assustar suas vítimas ou causar nelas algum tipo de sofrimento. O mais importante é lembrar que as pessoas assim se apegam ao que acreditam ser uma fraqueza. Enquanto você for passivo e obediente, será um alvo fácil diante de seus olhos. O curioso sobre isso é que, na maior parte dos casos, este tipo de pessoa é, na realidade, covarde: logo que a vítima começa a demonstrar personalidade e a defender seus direitos, o manipulador se retira. Esta regra funciona em qualquer esfera da sociedade, seja na escola, na família, ou até no trabalho. Lembre-se que não vale a pena entrar numa briga, basta manter a calma e deixar clara sua opinião.
De acordo com estudos, muitos abusadores foram ou são vítimas de abusos. É óbvio que esta condição não justifica de maneira alguma seu comportamento, mas é importante lembrar para responder a seus atos com sangue frio e sem remorso algum.
Os terapeutas precisam “encarar” muitas perguntas dos pacientes. Isto se deve ao fato de ainda existirem muitos tabus neste mundo, bem como preconceitos quanto a esta profissão.
Aqui juntamos uma série de perguntas, algumas engraçadas, que costumam aparecer diariamente nas consultas. Não perca!
Estas são as perguntas mais frequentes no consultório:
– Como devo chamá-lo: doutor, doutora? Pelo seu nome?
Este é um questionamento comum na primeira consulta. As pessoas não sabem como chamar a pessoa que está a sua frente e que está lhes perguntando sobre a sua infância, seus temores ou seus problemas matrimoniais.
A situação pode ser embaraçosa, já que nem todos os psicólogos são doutores (porque não fizeram um doutorado). Normalmente, utilizar seu nome costuma ser o mais usual.
– Psicólogo e psicanalista são a mesma coisa?
Talvez, para que entre os amigos e familiares não sejam vistos como “pirados”, muitos preferem dizer que vão ao analista ou ao terapeuta em vez do psicólogo. Contudo, há diferenças entre estas profissões.
O psicólogo é formado em psicologia e o psicanalista se especializou nessa área de atuação. Por exemplo, o mais conhecido psicanalista da história, Sigmund Freud, não era psicólogo, e sim neurologista.
– Por que não posso usar o divã como nos filmes?
Não é obrigatório que os psicólogos tenham esse sofá para se deitar tão confortavelmente, como o que costuma ser visto nos seriados de TV ou nos filmes. Este é um preconceito instaurado e que sai à tona ao chegar ao consultório. E muitos até foram embora por não poder usar esse divã!
– Tenho que fazer o que o psicólogo me disser?
Na verdade, o terapeuta não “diz” o que você tem que fazer, e sim indica o caminho para que o paciente possa encontrar a solução para o seu problema. Talvez lhe dê alguma orientação, mas isso não significa que você tenha que segui-la ao pé da letra. Cada um tem o poder de fazer o que acha melhor. Também não se trata de um juiz, nem de um policial, portanto, não vai acontecer nada se você “desobedecer”.
– O psicólogo pode me hipnotizar?
Não, salvo que você queira e que o profissional esteja preparado para isto. Alguns psicólogos são formados em hipnose clínica. Mas não se preocupe; ele não usará um pêndulo para que você caminhe como uma galinha ou lhe conte todos os seus segredos. Para aceitar ser hipnotizado é preciso antes conhecer toda a informação a respeito e se preparar adequadamente.
– Posso enganar o meu terapeuta?
Se você tem essa capacidade, claro que sim. Agora, isso não lhe será de grande valia. É a mesma coisa que colar em uma prova. O verdadeiro prejudicado é você, não o professor.
_ Ir na consulta de um terapeuta supõe um “contrato de honra” entre ambas partes.
Supõe-se que o paciente quer solucionar um ou vários problemas e o trabalho do profissional está em detectá-lo e ajudá-lo. Portanto, mentir na consulta só retardará o tratamento.
– Por que o psicólogo não me fala da sua vida privada?
Em alguns casos, pode ser que diga certas coisas pessoais, mas não é algo muito comum.
Tudo depende do rigor profissional e, além disso, o seu objetivo é focar nos problemas do paciente, e não nos seus próprios. Por sua vez, os psicólogos costumam fazer terapia… mas com outros psicólogos. Portanto, não se sinta mal se em toda a sessão só se falar de você, é justamente essa a ideia.
– Posso ser amigo (ou amante) do meu psicólogo?
Talvez, esta seja uma fantasia de muitas pessoas que vão ao psicólogo. Contudo, dentro dos deveres e obrigações dos terapeutas, está proibido manter qualquer tipo de relação (comercial, de amizade, amorosa) com os pacientes. Isto não quer dizer que não possam se dar super bem e se “conectar” ou que “tenham boa química”. Isto é o necessário para um bom tratamento.
– E por último, os psicólogos têm problemas?
Claro que sim! Não são robôs, e sim pessoas de carne e osso como você.
Alguns acham que os terapeutas são uma espécie de extraterrestre, mas por enquanto não, são apenas humanos. Por isso, passam por adversidades e maus momentos nas suas vidas, mesmo que não o demonstrem diante de seus pacientes.
Quais são as perguntas que você se faz sobre os psicólogos e as consultas terapêuticas?
Antes do contato direto com o “paciente”, os estudos de caso talvez sejam a maneira mais prática e eficiente de trazer a teoria para o entendimento prático. Entretanto, penso que as biografias são as mais ricas fontes de informação para quem quer entender como realmente uma patologia pode afetar a vida de uma pessoa em seus aspectos mais globais. Além disso, as biografias proporcionam a real oportunidade para o leitor compreender empaticamente os sentimentos, dores e dificuldades que uma pessoa passa para se adaptar (ou tentar se adaptar) apesar do adoecimento.
Conhecer a história permite que nos conectemos com o ser humano que existe por trás de um diagnóstico, que sintamos cada etapa de sua jornada.
Definitivamente um bom profissional de psicologia nunca deve abrir mão da leitura de biografias.
Abaixo indico algumas leituras que fizeram diferença na minha vida. Espero que elas possam tocar mais pessoas..
Essa biografia apresente com louvor o testemunho pessoal da médica e psicóloga Kay Redfield Jamison, autoridade internacional em doença maníaco-depressiva e uma das poucas mulheres catedráticas de medicina em universidades norte-americanas. A obra é a revelação da sua própria luta, desde a adolescência, com a doença, e de como a doença moldou sua vida.
Nesse livro o leitor será capaz de perceber claramente como as bruscas oscilações de humor acontecem em ondas, mudando drasticamente a rotina e maneira de pensar da autora. Mostra como ela lidou com o tratamento, o abismo dos episódios de profunda depressão e os picos de humor maníaco. Aborda também questões relacionadas ao suicídio.
A mesma autora escreveu um livro específico sobre o suicídio onde também usa os exemplos pessoais como base para o desenvolvimento teórico do tema chamado“Quando a noite cai: entendendo o suicídio.”
Na minha opinião, uma biografia realmente imperdível para qualquer um (a linguagem é acessível) que tenha interesse pelo tema.
“Os leitores deste livro são transportados, onda após onda, pelo poder de contar história de uma escritora, por sua mente lúcida e consciente de si mesma, por sua corajosa recusa a abraçar a auto-comiseração. Aqui está um sofrimento psiquiátrico tornado acessível, descrito numa prosa vigorosa, carregada, cativante.” Robert Coles
Autobiografia da engenheira e bióloga Temple Grandin, que bem cedo foi diagnosticada como autista. Conversando com o neurologista Oliver Sacks, ela pronunciou uma frase que dá bem a medida de como o mundo lhe parece estranho: “A maior parte do tempo eu me sinto como um antropólogo em Marte”*.
Até os três anos e meio, Temple só se comunicou por intermédio de gritos, assobios e murmúrios de boca fechada. Sua mãe percebeu que já aos seis meses ela não se aninhava no colo: ficava rígida, rejeitava o corpo que queria abraçá-la. Na escola, batia na cabeça das outras crianças. Em vez de argila ou massinha sintética, usava as próprias fezes para modelar e espalhava suas criações pelo quarto. Às vezes ignorava sons altíssimos, mas reagia com violência aos estalidos de uma folha de celofane. O cheiro de uma flor recém-colhida podia deixá-la descontrolada ou fazê-la refugiar-se em seu mundo interior. Somente quando já tinha quase trinta anos conseguiu dar um aperto de mão e olhar nos olhos de outra pessoa. Construiu uma “máquina de abraço” para pressioná-la sem o desconforto intenso que um outro corpo humano provoca nela. O grau de autismo de Temple Grandin não é o mais alto, e por isso o mundo que ela criou não se parece com uma fortaleza onde ninguém pode entrar.
Temple se tornou uma profissional extremamente bem-sucedida. Projeta equipamentos e instalações para a pecuária. Todos os corredores e currais que desenha são redondos, pois o gado tem mais facilidade em seguir um caminho curvo – primeiro porque, não vendo o que há no fim do caminho, fica menos assustado; segundo porque o desenho curvo aproveita o comportamento natural do animal, que é descrever círculos. Ela faz uma analogia: com as crianças autistas é preciso agir do mesmo modo, isto é, trabalhando a favor delas, ajudando-as a descobrir e desenvolver seus talentos ocultos. De certa forma, esta autobiografia nos diz que as pessoas todas podem se tornar menos “estranhas”.
Nota da página: Essa expressão usada por Temple Graudin foi utilizada pelo neurologista Oliver Sacks como título de um dos seus livros mais famosos: “Um antropólogo em marte“. Para quem, como eu, tem interesse por neuropsicologia, esse é um dos autores mais indicados pois, como excelente escritor, é capaz de descrever com maestria casos de extrema complexidade. Foi baseado em um de seus livros que o filme “Tempo de despertar”(estrelado por atores como Robert de Niro e Robin Willians) foi realizado.
Segunda nota: A história de Temple também foi gravada em cinema com o filme “Temple Graudin” lançado em 2010. No filme o enfoque é dado a como Temple revolucionou as práticas para o tratamento racional de animais em fazendas e abatedouros.
A extraordinária história real de Jean-Dominique Bauby, editor da revista ELLE que, aos 43 anos, sofreu um derrame que paralisou todo seu corpo, com exceção do seu olho esquerdo. Preso em um corpo sem movimento, mascompletamente lúcido, ele se adapta para contar sua incrível história de vida.
Essa história mostra como a empatia de um profissional é capaz de proporcionar a ponte que liga uma pessoa lúcida, mas prese em um corpo inerte, de volta a realidade.
Ainda me arrepio ao lembrar das descrições do livro quanto a realidade do autor e de seu mundo paralelo de fantasias. Uma aprendizagem incrível para nos lembrar que NUNCA, jamais devemos subestimar o poder de compreensão de uma pessoa esteja ela no estado em que estiver.
Para os cinéfilos a boa notícia é que o filme homônimo foi lançado em 2007 e também pode ser encontrado.
O luto é um processo normal e que precisa ser vivido para ser superado. Ao longo da minha carreira na clínica e na área da saúde acompanhei inúmeras pessoas em processos de luto. Pessoas que perderam seus pais, cônjuges, filhos, irmão, avós, amigos, bichinhos de estimação, pacientes, etc. E posso afirmar que nenhuma perda é igual a outra, mas sim uma experiência única e puramente individual. Depende da história construída com que se perdeu, dos laços que as envolviam, dos papéis que desempenhavam umas nas vidas das outras, da resiliência de quem sofre a perda e de como tudo aconteceu.
Tendo eu também vivido minhas próprias perdas, pude sentir na pele o quão difícil é superar um momento de luto, a qual considero uma das experiências de maior sofrimento que todos nós vamos experimentar um dia.
Institivamente nos ligamos à outras pessoas, seres ou objetos através de fortes laços afetivos, seja para nossa sobrevivência, para nossa segurança e proteção ou para nosso desenvolvimento enquanto seres humanos. As relações nos enriquecem e nos transformam, dão o real sentido a nossa existência. Nossos afetos serão nossos maiores tesouros adquiridos na vida.
E quando eles se separam de nós sentimos uma dor dilacerante, um vazio incomensurável da ausência. Porém, se o destino quis que ficássemos e continuássemos vivendo, precisaremos encontrar meios para superar tamanho sofrimento e seguir em frente, junto com os demais afetos que também ficaram.
Em minha caminhada vi muitas pessoas terem dificuldades em enfrentar a dura realidade desse momento, como também presenciei outras que, querendo ajudar, acabavam por suprimir no enlutado a expressão emocional do seu luto, aspecto fundamental para a superação.
Assim, como medida preventiva elaborei algumas dicas para as pessoas que perderam um ente querido ou para aqueles que estão à sua volta. Penso que, em algum momento estaremos de um ou outro lado dessa história, então sempre é bom refletir sobre o que fazer nesses momentos de dor.
1- Respeite o momento do Choque.
Todos nós, quando sofremos uma perda temos um momento de “choque” inicial. Essa reação acontece porque nosso Ego não é capaz de absorver a realidade da notícia e, por defesa, há uma paralisia das emoções e da capacidade de perceber o entorno. Em geral, essa reação pode durar minutos, horas ou dias e a pessoa tem a tendência a manter a vida interior rica de ilusões em relação ao ser que partiu. O choque pode desencadear um verdadeiro “apagão” de consciência ou reações corporais como tremores, desmaios, vômitos e diarreias. A pessoa também pode estar em choque quando apresenta reações aparentemente frias e indiferentes ao que está acontecendo. Respeite esse momento e se você estiver ao lado de alguém em choque acolha a pessoa enlutada, que aos poucos irá conseguir ir compreendendo a realidade.
2- Cada um tem seu tempo para encarar a realidade da perda.
É comum que pessoas enlutadas passem por uma fase de negação, demonstrando uma resistência à perda para evitar o desequilíbrio psíquico. Nestes casos, a expressão emocional pode ficar bloqueada, ou tenta-se negar a perda procurando esquecer o ocorrido ou evitando pensar no assunto. Também pode haver uma reação hiperativa, onde a pessoa age como se nada tivesse acontecido e busca se entreter no máximo de atividades possíveis para evitar entrar em contato com sua dor. Este tende a ser um período passageiro, mas preocupante quando se estende demais, sem o espaço para as demais reações naturais. O uso de substância psicoativas (calmantes, drogas e álcool) nesse momento pode ser outra tentativa de fuga encontrada. Assim, é preciso ficar atento a presença de tais reações, e buscar ajuda especializada quando sentir necessidade.
3- O luto traz uma avalanche de emoções.
Os mais diversos sentimentos podem advir de um luto! Tristeza, Raiva, Revolta, Alívio, Culpa, Medo, Impotência, Ansiedade… enfim, as mais profundas emoções podem ser despertadas. O luto é um processo doloroso e é preciso fazer um verdadeiro trabalho de superação. A expressividade emocional é fundamental para que a pessoa possa digerir a realidade da perda. Não evite o contato com seu sofrimento e procure as pessoas realmente disponíveis emocionalmente para contar sobre o que está sentindo. Seus sentimentos são legítimos e merecem ser respeitados e acolhidos.
4- É preciso chorar a sua dor.
Você não pode escolher não sofrer! O luto é uma experiência altamente dolorosa e que realmente abala qualquer estrutura. Bloquear, inibir ou adiar o seu luto não irá ajudar. Chorar, falar somente sobre o luto, limitar a sua vida a esse acontecimento por um tempo é natural e faz parte do processo de assimilação da realidade. Lembre-se que perder alguém é algo maior que o Ego consegue abarcar de uma vez e, por isso, precisa ser digerido lentamente.
5- Nunca estimule alguém a “sair” logo do seu luto.
Pedir ou estimular que uma pessoa enlutada se recupere rápido ou não expresse suas emoções é totalmente desaconselhável. Esta atitude, ao invés de ajudar, pode bloquear uma reação normal de luto e desencadear outros problemas, como a hiperatividade ou até mesmo processos depressivos e de adoecimento. Cada um tem seu tempo para superar o luto e tocar a vida em frente. Procure ser sensível a esse momento e acolher o enlutado encorajando-o a expressar seus sentimentos e a encontrar seus recursos emocionais para lidar com a perda.
6- Nos sentimos impotentes diante da dor de alguém.
Realmente quando o outro sofre uma perda somos relativamente impotentes frente ao que ele está sentindo. Não podemos apagar o que aconteceu e nem evitar a avalanche de reações e sentimentos que eclodem a partir do luto. Mas, estar ao lado da pessoa, manter-se presente, escutá-la e acolhê-la emocionalmente (respeitando as dicas anteriores) é algo que você pode fazer e que é de extrema importância neste momento.
7- Cada membro da família está vivendo um luto diferente.
Dentro das famílias cada um irá reagir de maneira individual a perda sofrida e pode acontecer de um familiar achar que o outro está indo muito rápido ou muito devagar com seu luto. Haverá aqueles que precisarão falar, contar histórias, assistir vídeos antigos, ver e rever fotos, passar dias em prantos. Mas, haverá também, aqueles que irão querer ficar calados, silenciosos em sua dor. Nenhuma reação é melhor que a outra. As cobranças, exigências e julgamentos dentro das famílias acontecem porque cada um de nós tem seus conceitos e crenças sobre como devemos nos comportar diante de uma situação. Porém, é preciso esclarecer que, a forma como cada um vive seu luto varia conforme suas características de personalidade, seus recursos de enfrentamento e suas defesas, sua história de vida, e do relacionamento e vínculo que possuía com o ente querido. Quando o vínculo era muito forte ou quando existia uma história de relacionamento conturbada e conflituosa que não se resolveu, pode ser mais difícil para o enlutado lidar com toda a situação. Por outro lado, quando não existia uma ligação afetiva entre a pessoa e o ser perdido pode ser que ela lide mais facilmente com a perda. São variações que precisamos estar atentos para perceber e assim, compreender para não julgar. Exercitar a empatia dentro da família é essencial para a resolução do luto de cada membro, bem como para a saúde do relacionamento familiar.
8- É preciso consolar a sua dor.
Superar um luto leva tempo e cada um tem o seu período para digerir sua perda. É natural que você sofra por um tempo, que tenha dificuldade para encarar a realidade, que sinta vontade de ficar isolado, que a vida perca o gosto por um tempo. Isso faz parte do processo. Mas, você não precisa passar por isso sozinho. Consolar sua dor com pessoas que você confia e se sente à vontade para partilhar este momento é um importante caminho para a superação. As pessoas que gostam de você estarão prontas para te amparar e ajudar nesse momento. Estarão ao seu lado para chorar e rir com você, para te ouvir e te falar palavras de conforto, para estar simplesmente ao seu lado quando você precisar se apoiar ou quando sentir que vai cair. Conte com elas!
9- Procure uma maneira para expressar o que você está sentindo.
Redigir cartas para o ente querido, escrever poesias, textos, compor músicas, expressar-se através da pintura, das artes plásticas, da dança ou qualquer outro recurso que lhe parecer viável é uma excelente via para expressar suas emoções sobre o luto. Recurso ricamente conhecido pelos artistas, a arte e a escrita nos ajudam a nomear, discriminar e expressar o que estamos sentindo, oferecendo um significado a nossa experiência, servindo de um verdadeiro bálsamo ao nosso sofrimento e impedindo que a dor fique registrada de maneira não compreensível em nossa mente.
10- Você não precisa ficar triste o tempo todo.
Uma das coisas que sempre ficam no imaginário social é que a pessoa enlutada deve estar triste e sofrendo. Isso funciona como prova de amor e de que ela é uma boa pessoa. Porém, essa crença é totalmente inadequada. O luto é um processo muito complexo, e é natural que, enquanto a pessoa elabora a sua perda sinta momentos de forte tristeza, mas também passe por momentos de alegria e distração. A pessoa pode se alegrar e rir ao lembrar dos bons momentos com o ser perdido, pode ficar feliz por estar com pessoas que ama e que continuam fazendo parte da sua vida. O momento da despedida também pode ser o do reencontro de familiares e amigos que há muito não se viam e que, nesse espaço, resgatam as histórias familiares, permeadas de boas lembranças. Além disso, a pessoa enlutada também precisará se distrair vez ou outra para “dar um tempo” para si mesma, descansar da sua dor e recuperar as forças. Permita-se sentir todos os sentimentos, mas não só os negativos. Deixar-se levar por bons sentimentos também te ajudarão a seguir em frente.
11- É preciso perdoar.
Quando alguém nos deixa, uma imensidão de sentimentos pode nos invadir. Entre eles a raiva, a revolta e a culpa podem dificultar a elaboração de um luto. Você pode ficar com raiva porque a pessoa te deixou, porque acha que, nem ela e nem você, mereciam isso, porque você ficou, ou porque acha que houve algum erro, que se evitado nada disso estaria acontecendo. Você pode culpar alguém, mundo, Deus, o ente querido ou a si mesmo. Todo sentimento é legitimo e precisa ser vivenciado, mas agarrar-se a ele não aliviará a sua dor. Então é preciso buscar o perdão, compreender que muitas coisas fogem ao seu controle e ao do outro também. Precisamos aceitar que somos vulneráveis e factíveis ao erro. Que a vida tem um curso que extrapola nosso desejo, nosso controle e nossa onipotência. Por isso, necessitamos buscar a compreensão e a compaixão para alcançar o perdão!
12- Vai chegar a hora de dar destino aos objetos do ser perdido. Faz parte do processo de luto decidir o que será feito com os pertences do ente querido. Roupas, objetos, lembranças, tudo aquilo que era da pessoa precisa ganhar um destino. Você pode escolher doar, vender ou até distribuir alguns objetos mais significativos entre as pessoas que ele queria bem. Também pode escolher algum objeto guardar consigo como uma herança que ele te deixou. Porém precisa tomar cuidado para não se manter apegado às coisas materiais que pertenciam ao ente perdido. Manter quartos intactos, resistir em mexer ou não se desfazer dos objetos pode ser um sinal de dificuldade em processar a perda sofrida.
13- Receba sua herança.
Mais que os bens materiais, seu ente querido com certeza te deixou de herança uma enormidade de vivências, memórias e lições das quais você nunca irá se esquecer. Recebe esse tesouro e o guarde em seu coração para todos os momentos. Quando precisar de um conselho que somente esta pessoa te daria, converse com seu coração e lá encontra a resposta que Ele te daria. Busque em suas memórias seu abraço, seu afago, seu riso, sua história. Assim você irá perceber que dentro de ti Ele ainda vive e será guardado para sempre.
14- É possível encontrar um sentido para a perda.
Muitas pessoas acham que encontrar um sentido para a perda é simplesmente buscar uma justificativa para o ocorrido, mas na verdade é muito mais que isso. Percebemos que muitas pessoas que sofrem uma perda desenvolvem novos valores, se tornam mais espiritualizadas ou se engajam em novos papéis na sociedade. É comum vermos mães que perderam filhos em situação de violência se engajando em ONGs ou grupos de mães atuantes, por exemplo. Esses novos caminhos, não irão fazer com que a pessoa enlutada encontre um significado para a sua perda, mas poderão ajuda-las a dar um novo sentindo para a sua existência sem o ser perdido.
15- É preciso continuar vivendo.
Por mais dura que seja a realidade da perda, em algum momento você estará pronto para seguir em frente. Irá entender que não é possível voltar atrás e que existem outras coisas que você precisa viver, outras pessoas que precisam de você, outros vínculos para cuidar. Isso não significa que você irá esquecer a pessoa que perdeu. Tudo o que você viveu ao lado dela estará na sua memória para sempre e estará sempre vivo dentro de você. Você sentirá saudades, terá episódios de choro em menor intensidade e se sentirá mais leve. Isso é um bom sinal, não se culpe. Pense que a pessoa que se foi iria gostar que você continuasse vivendo e sonhando!
Espero que essas dicas possam ajudá-los nesse momento e caso sintam que não estão conseguindo seguir sozinhos, não hesitem em procurar ajuda especializada. Hoje existem vários grupos de suporte e acolhimento para enlutados e psicólogos especialistas no assunto e que estão prontos para auxilia-lo nessa superação. Por fim deixo para vocês um trecho de uma música de Milton Nascimento que considero um verdadeiro trabalho de elaboração de luto.
Para nós, adultos, pode ser um grande desafio lidar com a morte e, claro, para as crianças também. Normalmente, uma criança que perdeu alguém próximo só quer continuar com a sua vida normal. Não quer mais mudanças. Quer manter as suas atividades “como se nada tivesse acontecido”. Ao mesmo tempo, quer que os adultos entendam a dor que sente e saibam o momento exato em que necessita de um abraço.
Mikaela Övén
— Serás sempre o meu pequeno Benny — sussurrou ela. Ben lembrou-se de como costumava odiar esse nome. Agora adorava-o. — Eu sei — disse ele, com um sorriso. — E tu serás sempre a minha avozinha gângster. Mais tarde, já a avó tinha partido, Ben seguia em silêncio no banco de trás do carro dos pais, a caminho de casa. Estavam todos cansados de chorar. Já se via imensa gente nas ruas a fazer compras de Natal, as estradas estavam cheias de carros e havia uma longa fila para o cinema. Ben não conseguia perceber como era possível a vida correr normalmente quando algo tão grave e importante tinha acabado de acontecer. O carro virou a esquina e aproximou-se das filas de lojas. — Posso ir num instante à loja do Raj, por favor? — perguntou Ben. — Não demoro muito. O pai estacionou o carro e Ben foi sozinho até à loja. Caía uma neve muito leve. PLIM!, fez a campainha quando a porta abriu. — Ahh, jovem Ben! — exclamou Raj. O lojista percebeu o ar triste de Ben. — Aconteceu alguma coisa? — Sim, Raj… — balbuciou Ben. — A minha avó acaba de morrer. De alguma forma, dizê-lo em voz alta fez com que começasse outra vez a chorar. Raj apressou-se a sair de trás do balcão e deu um grande abraço a Ben. — Oh, Ben, lamento imenso. Há algum tempo que não a via e calculei que não estivesse bem. — Pois não. Raj, eu só queria dizer — disse Ben, fungando — muito obrigado por me teres ralhado daquela vez. Tu tinhas razão, a minha avó não era nada chata. Ela era maravilhosa. — A minha ideia não era ralhar contigo, Ben. Só achei que nunca te tinhas dado ao trabalho de conhecer verdadeiramente a tua avó. — E tinhas razão. Havia tanta coisa que eu nem imaginava. — Ben limpou as lágrimas com a manga.
Avozinha Gângster, David Walliams, Porto Editora, 2014
O processo de luto passa, normalmente, por três fases. Numa primeira fase, pode haver negação, choque e apatia. Na segunda fase, a do luto mais agudo, pode ter sentimentos como a tristeza, depressão, raiva, culpa, ansiedade, medo e dor física. Na última fase, dá-se início o processo de adaptação e aceitação da nova realidade.
A propósito deste tema, o psicólogo e autor Dr. Sameet Kumar faz a distinção entre “luto agudo” e “luto subtil”. O “luto agudo” corresponde àqueles momentos mais duros, mais difíceis de lidar, que se sentem como inultrapassáveis; o “luto subtil” refere-se aos momentos em que parece que estamos a respirar mais facilmente, a sentir as coisas com muito menos intensidade. Podemos ter a certeza de que a criança irá passar tanto por uma experiência como por outra, várias vezes.
De que forma a criança expressa o luto?
Quando uma criança sofre, queremos cuidar dela, protegê-la e confortá-la. Mas temos de calibrar o momento certo para o fazer. As crianças não conseguem nem querem ficar com a dor psicológica da perda durante muito tempo seguido. Por isso, é habitual, por exemplo, continuarem a brincar ou a fazer outras coisas para se livrarem dela. Mas, de repente, a dor pode reaparecer, passando de “subtil” a “aguda”, no meio de uma brincadeira ou outra situação que lembre a perda. É como se o luto chegasse, ficasse um pouco e partisse. Vem, fica e vai. Aliás, é o que acontece com todos os sentimentos. Quanto mais permitirmos e aceitarmos este processo, melhor. E, felizmente, as crianças têm bastante facilidade em passar da fase “aguda” à “subtil”.
Uma criança tem dificuldade em entender as consequências da perda, e demora a perceber o significado da morte e que a pessoa não irá voltar. Tende também a focar-se no aqui e no agora e são muitas as vezes em que os adultos interpretam isso como se ela “não se importasse”, “já se tenha esquecido”, “já se tenha habituado” ou “já tenha ultrapassado”, o que não é bem verdade e pode até levar a criança a sentir-se incompreendida. O mais provável é que dentro da cabeça da criança se estejam a formular muitas perguntas, mesmo que ela não as verbalize.
Uma criança que perde alguém muito próximo como um pai, uma mãe ou, por exemplo, uma avó com um papel importante na sua educação pode perder também a confiança na vida, nas outras pessoas, no futuro e em si própria. De repente, aquela pessoa que ela achou que ia estar sempre presente, já não está.
Além ou em vez do choro, a criança pode apresentar um comportamento agressivo e de muita raiva. Também pode exprimir a sua desilusão ou culpa, comportando-se de forma mais imatura, regredindo no comportamento. Pode sentir dificuldades em dormir e começar a fazer chichi na cama. E dar início a um rol de perguntas, que podem ser surpreendentes (e não é necessário saber a resposta a todas).
Como apoiar a criança?
Esteja disponível para ouvir os pensamentos e as histórias da criança. Deixe-a fazer perguntas e responda o mais honestamente possível. Limite-se a responder à pergunta, nem mais, nem menos, e não tenha medo de dizer que não sabe. Devolva com a pergunta “O que é que tu achas?”. Procurem as respostas em conjunto.
Reconheça a dor da criança. Abra a possibilidade de ela se expressar, ao seu jeito. Ou seja, sem pressionar. Se a criança está a chorar é melhor dar-lhe um abraço e dizer algo como “Eu sei que dói!”, ao invés de tentar proteger a criança da dor com distrações, conselhos e prendas. Não diga à criança que sabe como é quando na realidade não sabe. Evite os obstáculos à comunicação
Procure estar realmente presente quando está com a criança. Se também está de luto pode ser um grande desafio, mas tente ao máximo manter-se conscientemente presente com a criança no aqui e agora.
Seja honesto. As crianças sabem sempre quando as coisas não estão bem. Comunique com ela de forma simples, honesta e clara sobre o que se está a passar e o que se passou. Diga o que sente. Não minta.
Se a criança nunca tomar a iniciativa para falar, faça perguntas. É comum a criança guardar o seu sofrimento para não fazer os adultos, que também estão a sofrer, sofrer mais. Os adultos interpretam isso como sinal de que “já passou” e não querem lembrar à criança o sucedido para que ela não volte a entristecer.
Crie estrutura e segurança. Todos temos necessidade de sentir segurança e certeza nas nossas vidas. Quando alguém próximo morre, essas necessidades são abaladas. Ajude a criança a manter rotinas, rituais e tradições, e/ou a criar novas rotinas, novos rituais e novas tradições que possam criar uma nova base de estrutura e segurança.
Seja um porto seguro. Para satisfazer as necessidades de segurança e controlo, a criança também tem de saber que é cuidada. Que existe alguém que pode oferecer um espaço emocional e fisicamente seguro para a sua dor. É também relevante evitar que a criança sinta que tem de assumir responsabilidade pela dor das outras pessoas.
Recorra à criatividade! A atividade criativa é uma ferramenta importante para trabalhar a dor da perda. Ofereça à criança opções diversas para exprimir as suas emoções. Pode ser desenhando, escrevendo, fazendo trabalhos manuais, brincando, ouvindo música, etc.
Recorra à atividade física! Emoções fortes e desafiantes (como, por exemplo, o luto exprimido em agressividade e raiva) podem ser libertas através de atividade física.
Pratique Mindfulness, sozinho e com a criança. Procure exercícios que sejam adequados para a idade, sem pressionar e sem expectativas.
Cuide de si! Quanto melhor se sentir, melhor apoio representará para o seu filho.
Peça ajuda! Tanto ajuda prática como mental.
Quando deve procurar ajuda profissional?
Deve procurar ajuda profissional se sentir que a criança continua a apresentar dificuldades durante muito tempo; nomeadamente em dormir, em concentrar-se, problemas com amigos e na escola ou um comportamento depressivo.
O luto, por norma, é trabalhoso, doloroso e cansativo. Tanto física como emocionalmente. É importante lembrar-se de que cada criança tem as suas reações e o seu processo de luto, e que cabe ao adulto adaptar-se às suas necessidades. E, neste processo, esteja consciente de que os seus dois contributos mais poderosos poderão ser a sua presença consciente e o reconhecimento dos estados emocionais da criança.
Mikaela Övén-Estudou ciências comportamentais na Universidade de Lund, Suécia, e é licenciada em Recursos Humanos com a especialidade de desenvolvimento de competências pela Universidade de Malmo, Suécia.
O labirinto da mente humana pode revelar histórias muito mais curiosas, assustadoras ou surpreendentes do que imaginamos. Entre desvios de personalidade, manias, doenças degenerativas ou problemas de memória, confira 15 filmes que exploram os limites da psicologia:
Confira os melhores filmes que exploram transtornos psicológicos de formas surpreendentes
1- Psicose
Para quem gosta de psicologia, Norman Bates é um dos personagens mais interessantes para serem analisados em todo o cinema de Hitchcock. Bates é o gerente de um hotel na estrada, ao lado de sua mãe, que parece dominá-lo completamente. Quando uma criminosa aluga um quarto durante uma fuga, um assassinato abala o hotel e atrai a atenção da polícia.
2- Um Estranho no Ninho
Jack Nicholson é um criminoso que, para escapar da sentença, alega desequilíbrio mental e é internado numa instituição. Lá, ele percebe a situação degradante em que estão largados os pacientes, reféns da atitude abusiva de uma enfermeira-chefe, e decide tomar uma atitude para mudar a situação.
3- O Silêncio dos Inocentes
Qual a melhor forma de compreender os passos de um serial killer, senão consultando outro serial killer? Essa é a missão de Clarice (Jodie Foster), uma agente do FBI que negocia com o prisioneiro Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) para que ele a ajude a prender outro assassino, que ainda está à solta. Lecter é um vilão culto e sofisticado que usa a psicologia para manipular os agentes ao seu redor, inclusive Clarice, e conseguir sua liberdade.
4- Melhor é Impossível
Jack Nicholson vive um de seus papéis mais divertidos como o obsessivo-compulsivo Melvin, um homem sem amigos e cheio de manias que desenvolve uma amizade incomum com uma garçonete (Helen Hunt), que considera-o desprezível. Quando ela precisa largar o emprego para cuidar do filho, sua tranquilidade é abalada e ele precisa tomar uma atitude.
5- Gênio Indomável
Will (Matt Damon) é um jovem gênio, capaz de resolver problemas matemáticos complexos em minutos, mas que trabalha como zelador no instituto de matemática MIT. Arrogante e desconfiado, ele acaba encontrando alguém com quem pode se abrir no psicólogo Sean (Robin Williams). Durante suas sessões, ele começa a trabalhar em sua inteligência emocional, ao mesmo tempo em que ajuda o doutor a superar seus próprios problemas.
6- Clube da Luta
Edward Norton e Brad Pitt vivem dois opostos no clássico de David Fincher: um é acomodado, entediado e sem atitude, enquanto o outro é abusado, agressivo e criativo. Quando eles se encontram, decidem montar um clube de lutas underground para aliviarem o estresse com violência. Aos poucos, a história vai revelando uma complexidade psicológica muito maior.
7- Amnesia
Depois de um evento traumático, Leonard (Guy Pearce) se tornou incapaz de formar memórias recentes. Já que sua última memória é a de sua esposa, que foi assassinada, ele decide desenvolver um sistema para tentar reunir as peças do seu passado e descobrir quem é o assassino.
8- Uma Mente Brilhante
Personagens esquizofrênicos já renderam grandes histórias no cinema, e uma das mais famosas é a do matemático John Nash, interpretado por Russell Crowe. Nash era um homem brilhante e arrogante, até receber uma missão do governo envolvendo criptografia. A partir daí, sua doença evolui e ele começa a confundir imaginação e realidade, alcançando níveis insuportáveis para sua família e amigos.
9- Cisne Negro
Neste drama psicológico com uma pegada de thriller, Natalie Portman interpreta uma bailarina que conquista o papel principal na peça “O Lago dos Cisnes”. O desafio é maior, porém, porque ela precisa viver os dois cisnes – o branco e o negro. Para compreender a dualidade, ela começa a entrar em contato com seu próprio lado obscuro, enfrentando o professor abusivo, a mãe superprotetora e a rival sedutora.
10- Poesia
Uma idosa, que cuida sozinha do neto e vem enfrentando os primeiros sintomas de Alzheimer, decide fazer um curso de poesia. Enquanto procura inspiração para seu primeiro poema, ela descobre que o garoto cometeu um crime e provocou o suicídio de uma colega. Tentando se manter forte e tomar as decisões certas, ela analisa as pessoas e o mundo ao seu redor, até finalmente encontrar sua resposta e seu poema.
11- A Pele que Habito
Num dos filmes mais poderosos de Almodóvar, Antonio Banderas vive um cirurgião plástico obcecado por um projeto misterioso envolvendo a criação de uma pele sintética e uma cobaia humana, que ele mantém aprisionada dentro de casa. Aos poucos, descobrimos o passado desse médico e vamos compreendendo seus objetivos e motivações, que se revelam cada vez mais doentios.
12- O Lado Bom da Vida
Num plano geral, “O Lado Bom da Vida” pode ser descrito como um filme sobre pessoas julgadas como loucas, mas que na verdade sofreram traumas muito grandes e encontraram suas próprias formas de lidarem com eles. Bradley Cooper é Pat, um homem internado numa instituição psiquiátrica por tentar matar o amante da esposa. Quando ele é liberado e volta para a casa dos pais, conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma mulher que também tem seus problemas e que o ajuda a reencontrar seu equilíbrio.
13- Dentro da Casa
Um professor de francês (Fabrice Luchini), desmotivado pelas redações fracas de seus alunos, se encanta pelos textos de um garoto em particular, chamado Claude (Ernst Umhauer). Claude explora suas visitas à casa de um dos colegas para escrever narrativas extremamente detalhadas e emocionantes. O problema é que, apesar de muito bons, esses textos revelam um voyeurismo preocupante, que evolui diante dos olhos do professor.
14- Mommy
Um garoto-problema, uma mãe imatura e uma vizinha que parece querer compensar algum erro terrível do passado. É esse trio de personagens perturbados que Dolan comanda em “Mommy”, um filme sobre maternidade, boas intenções e suas consequências desastrosas. Quando o jovem Steve sai do internato, sua mãe Diane se esforça para sustentá-lo, mas a carência do menino torna sua vida muito mais difícil. As coisas parecem encontrar um equilíbrio quando a vizinha assume parte dos cuidados do garoto, mas, uma hora, a responsabilidade terá que voltar a cair nos ombros de Diane.
15- Para Sempre Alice
Julianne Moore vive uma professora de linguística de 50 anos com uma carreira respeitável, marido e três filhos. Um dia, ela começa a esquecer pequenas coisas, como palavras e lugares. Diagnosticada com Alzheimer precoce, ela mergulha numa angústia profunda, já que sabe que a doença não tem cura e evoluirá rapidamente, arrancando dela todo o orgulho e dignidade, junto com a consciência.
A morte de um filho é um tema delicado, tão sofrido que poucos se atrevem a sequer pensar nessa possibilidade, subverte uma ordem que supomos natural e pede recursos para ampliarmos esse olhar e compreendermos um pouco mais essa vivência.
Listo 10 filmes que nos dão um recorte dessa dor:
1-REINE SOBRE MIM: Adam Sandler, Don Cheadle, JadaPinkett Smith e Liv Tyler estrelam essa história sobre Charlie Fineman (Sandler) que entrou em depressão logo após a morte de sua esposa e filhos. A vida de Charlie melhora muito depois de reencontrar um antigo amigo de faculdade, Alan Johnson (Cheadle), cuja vida está dividida entre o trabalho e a família. O reencontro dos amigos fortaleceu o antigo e esquecido vínculo de amizade e os dois passaram a viver melhor emocionalmente.
2- O QUARTO DO FILHO: Giovanni (Nanni Moretti) é um psicanalista que reside e trabalha na cidade de Ancona, na Itália. Ele é casado com Paola (Laura Morante) e tem dois filhos: a menina Irene (Jasmine Trinca) e o jovem Andrea (Giuseppe Sanfelice). Sua vida transcorre tranqüila, dividida entre a família e o consultório, até que uma tragédia a transtorna completamente. Para atender ao chamado urgente de um paciente, Giovanni deixa de acompanhar o filho à praia e nesse passeio o rapaz morre afogado. A família, é claro, ressente-se profundamente com a morte e Giovanni sofre uma forte sensação de remorso, apesar do apoio da esposa.
3- A LIBERDADE É AZUL: Julie é uma famosa modelo que decide renunciar à vida após a morte do marido e da filha em um acidente de carro. Porém, depois de uma tentativa frustrada de suicídio, Julie encontra uma obra inacabada do marido, um grande músico, e se interessa por ela.
4- REENCONTRANDO A FELICIDADE: Becca e HowieCorbett precisam retornar à sua existência cotidiana, após uma perda chocante e súbita. Oito meses antes, eles eram uma família suburbana feliz com tudo que eles queriam. Agora, eles estão presos em um labirinto de memórias, desejo, culpa, recriminação, sarcasmo e raiva, controlados de forma rígida e que eles não conseguem escapar. Os dois seguem caminhos opostos neste labirinto. Enquanto Becca encontra dor nas lembranças familiares, Howie encontra conforto. Becca hesita em se abrir para sua mãe, mas, secretamente, estende a mão para o adolescente envolvido no acidente que provocou todas as mudanças na sua vida. Entretanto, Howie acredita encontrar consolo com outra mulher. Mas o casal continua tentando reencontrar o seu caminho de volta para uma vida que ainda tem potencial para o riso, a beleza e a felicidade.
5- TARA ROAD – APRENDENDO A VIVER: Dois países. Duas vidas. Duas mulheres. Em pontos distantes do mundo, duas famílias o vêem desabar, cada uma a sua forma. Nos EstadosUnidos, Marilyn (Andie MacDowell) perde o filho de forma trágica em um acidente com um carro de kart, seu presente de aniversário. Do outro lado do Atlântico, a irlandesa Ria (Olivia Williams) é deixada pelo marido depois de um longo casamento. Após um momento de tristeza e reflexão, as duas propõem uma troca de casas, uma mudança de ares para alterar o curso de suas vidas.
6- AS COISAS IMPOSSÍVEIS DO AMOR:Natalie interpreta uma advogada que conseguiu conquistar seu chefe, que era casado quando começaram a namorar, mas precisa lidar com as consequências disso, incluindo seu novo enteado e uma tragédia inesperada. Tem de lidar com o filho dele, com a perda do filho deles e com todos os problemas que isso traz para a relação dos dois.
7- HEROIS IMAGINÁRIOS:Uma típica família norte-americana vive uma rotina perfeita, porém sob a aparência de normalidade esconde-se uma família em crise. O filho mais novo experimenta as angústias da adolescência; o pai vive atormentado pelos erros do passado; e a mãe administra seu rancor com o consumo de drogas.
8- ENTRE QUATRO PAREDES: É verão no porto de pesca da cidade de Camden, no Maine, onde vive Matt Fowler (Tom Wilkinson), um médico nascido no estado e casado com Ruth Fowler (SissySpacek), uma professora de canto. Frank (Nick Stahl), o único filho do casal que passa as férias de verão em casa, trabalhando para juntar dinheiro para a faculdade. Ele se envolve com Natalie Strout (Marisa Tomei), uma mulher mais velha e com dois filhos, o que deixa seus pais bastante contrariados e apreensivos. As coisas pioram para Frank e Natalie, quando ela recebe a indesejada visita do ex-marido e acontece um terrível incidente. À medida em que o verão vai chegando ao fim, todos se vêem em meio a uma tragédia que jamais poderiam prever.
9- UMA PROVA DE AMOR: A pequena Anna foi concebida, através de uma combinação genética, para tentar salvar a vida de sua irmã mais velha, que sofria de câncer. Ao longo dos anos Anna, sem questionar, é submetida a inúmeras consultas, cirurgias e transfusões; mas na adolescência ela se revolta e procura a justiça para ser ouvida.
10- A CURA: Erik (Brad Renfro) é um garoto solitário que atravessa todas as barreiras que o preconceito ergueu e se torna amigo do seu vizinho, Dexter (Joseph Mazzello), um garoto de 11 anos que tem AIDS. Erik se torna muito ligado a Linda (Annabella Sciorra), a mãe de Dexter, e na verdade fica mais próximo dela que da sua própria mãe, Gail (Diana Scarwid), que é negligente com ele e quase nunca lhe dá atenção. Quando os dois garotos lêem que um médico de Nova Orleans descobriu a cura da AIDS, os meninos tentam chegar a este médico para conseguir a cura.
O psicanalista Jorge Forbes fala neste bloco do programa “Por Dentro da Mídia”, gravado em 18/04/2008, sobre a ação da psicanálise e as diferenças entre a psiquiatria, psicologia e psicanálise.
“A pessoa só pode mudar alguma coisa se ela se der conta da participação dela naquelo que ela se queixa” Jorge Forbes
À margem do “III Seminário de Psicologia e Orientação Escolar”, que decorreu em Lisboa no dia 20 e 21 de Novembro, foi anunciado a utilização de 30 ME provenientes de fundos comunitários para contratar mais psicólogos.
Em declarações durante a cerimónia de Encerramento do evento, o Director geral da Educação, José Vítor Pedroso, afirmou que estão reservadas verbas do Programa Operacional de Capital Humano, para contratar, formar e adquirir materiais para psicologia em contexto escolar, de forma a atingir o objectivo de um psicólogo para cada 1.100 alunos. Actualmente existem cerca de 775 psicólogos para um milhão e duzentos mil alunos, havendo casos em que há apenas um psicólogo para 2.000 alunos. Com estes fundos atribuídos pretende-se inverter o panorama e avançar com as acções necessárias já no início do próximo ano.
De acordo com o estipulado no protocolo de colaboração assinado, a OPP irá auxiliar o DGE a identificar os materiais mais adequados ao trabalho dos psicólogos em contexto escolar e prestar ainda consultadoria e apoio no âmbito das acções de formação a realizar pela DGE, que passam a ser certificadas pela OPP. À OPP caberá definir os profissionais que são necessários nas escolas, os conteúdos e a formação. O trabalho dos psicólogos nas escolas passará também a ter supervisão, enquanto a DGE, por seu lado, compromete-se também a colaborar com a OPP na disponibilização de estágios de acesso à ordem. Também está prevista a criação de uma plataforma que registe as intervenções realizadas ao longo do acompanhamento do aluno, à semelhança do que acontecerá no Serviço Nacional de Saúde. À OPP compete ainda disponibilizar e actualizar uma lista das provas psicológicas disponíveis em Portugal, com especial interesse na área da educação, para suportar e apoiar a aquisição de instrumentos para os psicólogos escolares por parte dos agrupamentos de escolas e DGE.