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Terapias



Terça-feira, 08.12.15

A mulher por trás de António Costa

cartão de cidadão, consta como Fernanda Maria Gonçalves Tadeu. O do marido diz António Luís Santos da Costa. Estão casados há quase 30 anos e, nos idos anos 80, não havia essas modernices de cartões de identificação eletrónicos, com chips que permitem autenticar assinaturas, alterar a morada no cartão ou fazer a inscrição dos miúdos na escola. Naquele tempo de início do casamento, em que pegavam um no outro e fugiam do mundo para namorar, ainda tinham de se identificar com o antigo BI, onde cada um lá tinha o seu «CAS.» (de casado/a), no espaço reservado ao estado civil. «Na receção [dos hotéis] viam nomes diferentes nos nossos BI eu sou "Tadeu", o António é "Costa" e ambos casados. Cheirava tanto a adultério!» Sentada num banco de jardim, Fernandadá uma gargalhada e explica: «Quando casámos, ele não quis ficar com o meu nome. Porque haveria eu de herdar um nome que não era meu?» Ao ver esta historieta publicada, a mulher do secretário-geral do PS sentirá porventura que não a devia ter contado porque, sem ter nada de mal, é coisa da sua intimidade (e da da sua família), que muito preza. Mas é justamente com esta historieta que se percebe como é Fernanda Tadeu.

É a mulher de António Costa e disso não há dúvida.

Casaram a 31 de julho de 1987, na 6.ª Conservatória do Registo Civil. Mas não será nunca, apenas, «a mulher de» António Costa. É antes a «mulher pela qual o António teve de se bater!», conta Diogo Lacerda Machado, o colega da faculdade de Direito de António, que acabou seu padrinho de casamento.

 

Fernanda e António, no "pôr do sol" organizado para o seu casamento

Fernanda e António, no "pôr do sol" organizado para o seu casamento

Marcos Borga

Nesse dia, Fernanda e António só queriam ir para Veneza. Mas à porta da conservatória apareceu, de surpresa, um grupo de amigos com uma garrafa de champanhe a arroz, para festejar o enlace. Maria Antónia Palla, mãe de António, desceu o Chiado de olhos no chão «As lágrimas caíam-me. O casamento dos filhos é uma perda...» diz, ainda hoje, ao recordar que «o nosso menino ia bater asas». Mas Fernanda e António, se lhes caíram lágrimas, foram de felicidade.

Dali, seguiram com Diogo e Teresa Machado para a Rua do Ouro, comeram um hambúrguer com batatas fritas no Abracadabra e lá foram para Veneza.

Discreta, mas não apagada

Do filme do casamento, feito pelos amigos, já não há rasto. Também não têm álbum do copo de água porque não o houve.

Festejaram de véspera, num jantar organizado por Maria Antónia Palla. Mais nada. António andava em campanha com Vítor Constâncio, para as legislativas de 1987. Passou por casa, uma vez, às três da manhã. Às sete já lá não estava, mas deixara um bilhete. «Queremos um pôr do sol», dizia, pedindo à mãe que organizasse tudo com a Fernanda.

Maria Antónia Palla não encontrou «sítio para satisfazer esse desejo», então fez um jantar de véspera, no jardim de sua casa, em Birre, para as 80 pessoas que o espaço comportava. Passados 28 anos, Fernanda tem pena de não ter feito uma festa à séria. Logo ela, que gosta tanto de festas e de dançar. «A vida tem de ter a sua parte divertida!», diz. «Talvez aos 30 [anos de casados]» convide todos aqueles amigos que os acompanham desde os tempos do Liceu Passos Manuel.

Aqueles que, como Manuel Monteiro, antigo líder do PP, se surpreenderam por os ver namorados, depois de tantos anos de amizade. E aqueloutros, como Hermínia Vilar, que achou a coisa mais natural do mundo que se tivessem juntado. «Sempre achei que se davam muito bem como amigos, o que era uma boa base para começar uma relação», explicou à VISÃO.

Esse «ajuntamento» tem o seu quê. Conheceram--se no Passos Manuel. Ela, vinda de Carnide (onde nascera e crescia, mas em cujo Liceu -o D. Pedro V -não havia vagas), ele no Bairro Alto. Tornaram-se melhores amigos. Ele tinha as suas namoradas, ela teve o seu. Contavam-se tudo. E andavam em bando.

 

DR

«A nossa turma era a turma política, de onde saíam as listas. As pessoas discutiam política, víamos filmes para conversarmos sobre eles. Íamos à praia e ao jardim da Gulbenkian, mas estávamos permanentemente a discutir [política] sem que a discussão nos dividisse», conta Manuel Monteiro, o representante da direita na turma; António era já quadro da Juventude Socialista. Fernanda, essa, sempre foi muito discreta, mas não apagada. Vivia numa casa onde «quem mandavam eram os meus pais», onde não havia abertura para «discutir coisas à mesa».

Mas isso não invalidou que tivesse (como tinha e continua a ter) opinião. Prova disso é que não teve pudor em sair à rua e marchar, com os indignados, contra o ataque aos professores levado a cabo pelo Governo PS de que o marido acabara de ser «número 2». Foi fotografada e a sua presença badalada. «Voltava a fazer tudo outra vez», garante, com a zanga ainda espelhada na expressão. Ser docente é «muito, muito duro», garante. E por isso não aceita que lhe digam «agora é que vamos pôr os professores na ordem!» ou «agora é que vão trabalhar». Maria de Lurdes Rodrigues foi de uma grande injustiça, diz. Além de que pôs professores a avaliarem outros, de outras áreas, impediu que se reformassem mais cedo e, a «maior facada », dividiu a classe entre titulares e não titulares.

 

Rodrigo Cabrita

Fernanda não admitiu ser tratada assim. Foi a todas as manifs de protesto e, à primeira oportunidade (o que aconteceu já num Governo de direita), aproveitou o programa de rescisões por mútuo acordo do pessoal docente e reformou-se. Como em muitas outras coisas, António ouviu as críticas e as zangas e respeitou a decisão. Estão sempre lá para se apoiarem um ao outro. O que não quer dizer que não discutam muito e troquem ainda mais opiniões. «Digo o que sinto e o que apalpo nas escolas, na vida do País. Os políticos, às vezes, vivem num mundo fechado.

Deviam estar mais próximos das pessoas», sugere, salvaguardando que «o meu marido gosta de ouvir os outros. Não perde tempo. Ganha-o a ouvir o que as pessoas têm a dizer, para depois decidir.»

 

Férias? Quais férias?

Todos os anos rumava para a Costa da Caparica, para as férias com os primos. Adorava a brincadeira, o companheirismo, o não estar sozinha, como habitualmente estão os filhos únicos. Ficava tão triste quando se iam embora que um dia até adoeceu.

Todos os anos, pelo Natal, pedia um irmão. Mas o irmão nunca chegou. O que chegou foi um novo poiso para férias. Teria oito ou nove anos quando os pais arranjaram uma casa para os lados da Ericeira, onde o tempo não é famoso e a água tão fria... Continua a gostar de banhos de mar, mas sempre que pode, em sítios mais quentes e, de preferência, em família.

Já foram à Córsega, à Sardenha, à Croácia, ao Brasil, várias vezes à Madeira, onde costumam encomendar uma levada a Bernardo Trindade. «Escolhem sempre uma com grau de dificuldade diferente e tudo culmina sempre com um momento gastronómico», conta o ex-secretário de Estado do Turismo. Passeiam-se pelo Funchal no maior dos à vontade e vão ao mercado, para Fernanda «provar as várias variedades do maracujá», conta o socialista madeirense.

Este ano as férias... «não foram bem férias, foram meias férias». António Costa andou em campanha e Fernanda com ele a apoiá-lo e a ver até onde aguenta, porque António, esse, «tem uma resistência de que não há palavras»

Com o marido, em campanha para as legislativas de 4 de outubro

Com o marido, em campanha para as legislativas de 4 de outubro

Rui Duarte Silva

Em campanha ou não deu para gozar um bocadinho esse Algarve que, há 30 anos, mudou as suas vidas (ver caixa Do namoro à filme).

 

Casa comprada com cartão jovem

Fernanda já trabalhava quando António acabou direito e foi estagiar para o escritório de advogados de Jorge Sampaio e Vera Jardim. Diogo Lacerda Machado sabia bem que, ao contrário dele, que desde os sete anos queria ser advogado, António seguiria outro caminho.

«Fernanda é muito sensata e percebeu perfeitamente o que ia acontecer. O António era talhado, empenhado e tinha um grande gosto pela política», desvenda o padrinho de casamento.

Diogo Machado casou primeiro que António. Quando precisou de mudar de casa, comentou com o amigo que tinha de sair de onde estava, nesses finais de 1986. António já sabia que casaria comFernanda e que também precisaria de casa. Começaram a procurar juntos e lembraram-se da EPUL. Viram primeiro uns apartamentos no Restelo, «de onde fomos corridos por sermos uns pelintras», goza Diogo Machado. O vendedor sugeriu-lhes outras, mais baratas, em Carnide. Candidataram-se aos T0. No sorteio, António e Fernanda, que só casariam dali a uns meses, foram os quintos contemplados. Diogo e Teresa ficaram como primeiros suplentes. «O António ficou tão desconsolado que dizia que arranjava outra solução». Mas não foi preciso. Houve duas desistências e lá se mudaram todos para Carnide. Fernanda não teria de sair de casa dos pais para muito longe.

Os T0 custavam 3600 contos. «Era barato, mas era muito dinheiro!», desvenda Machado. Tinham 25, 26 anos e a sorte lá voltou a proteger estes audazes. Ambos compraram a casa envergando o seu cartão jovem, naquele que terá sido o maior desconto das suas vida: 170 contos! Viviam a três prédios de distância. António e Diogo iam juntos, todas as manhãs, para o centro da cidade. António acumulava a tropa (no Quartel-General, em São Sebastião da Pedreira) com a advocacia (no escritório Jardim, Sampaio, Caldas e Associados, onde advogava o seu tio materno, Jorge Santos). Só depois mergulhou a plenos pulmões na política e fez a carreira que se lhe conhece: dirigente socialista, deputado, vereador em Loures, secretário de Estado, ministro, eurodeputado, outra vez ministro, presidente da Câmara de Lisboa e agora... secretário-geral do PS e candidato a primeiro-ministro.

Já Fernanda, passou a vida a saltar de jardim de infância em jardim de infância.

 

o seu primeiro carro: um mini

o seu primeiro carro: um mini

DR

Uma casa (e uma vida) onde a política fica à porta. O primeiro filho, Pedro, obrigou-os a mudar de poiso. Deixaram o T0 onde ultrapassaram as primeiras crises (ver caixa Do namoro à filme) e lá foram para o Príncipe Real, onde nasceu Catarina (três anos mais nova que Pedro) e onde António promovia os encontros de António Guterres (então secretário-geral do PS e primeiro-ministro) com Manuel Monteiro (o amigo de liceu que na altura era líder do CDS-PP).

Na mesma Calçada Miguel Pais viviam José Medeiros Ferreira, José Sócrates e António Vitorino. Fernanda, garante, apenas os via na rua, não eram visitas de casa. Com António Vitorino foram mais longe e criaram uma parceria: partilharam um lugar de garagem. Nada mais. «Eu sempre estive muito longe dessa realidade », diz. «E o António precisa» desse distanciamento, garante.

Era uma casa velha, enorme, num terceiro e quarto andares sem elevador, mas com vista. «Todos os amigos adoravam», conta Fernanda, que não se dava naquele «palácio». Sempre trabalhou fora de Lisboa -se tinha de atravessar a cidade para ir trabalhar, pior era regressar para uma zona onde o estacionamento não é generoso. «E quem levava as crianças para cima? E as compras? E o gás?», justifica.

«Fernanda sempre foi muito compreensiva sobre aquilo que o António tinha de ser», diz Diogo Lacerda. E Maria Antónia Palla concorda: «Tem sabido dar a retaguarda que lhe permite, a ele, fazer o que tem feito.» Fernanda tratou das crianças, das compras, do gás. E trabalhou durante 30 anos e 10 meses até que, aos 55 anos, revoltada, rescindiu contrato com o Ministério da Educação. Tinha penado 15 anos até se tornar efetiva. Todos os anos era uma angústia, não saber onde iria parar. Deu aulas na Brandoa, na Lourinhã, na Charneca da Caparica, em Mafra, em Sintra.

 

A família Tadeu-Costa: António, Catarina, Fernanda e Pedro

Já «crescida» e com filhos, compôs o bacharelato com uma licenciatura em educação especial e ainda uma pós-graduação no domínio «Pedagogia ativa e as Perturbações Emocionais e de Personalidade na Criança e no Jovem». Chegou a demorar quatro horas para chegar a casa, todos os dias, depois do trabalho. E ainda vinham dizer-lhe que «agora é que os professores vão começar a trabalhar?» O pai das crianças «tinha outras coisas para fazer», diz, garantindo que António estava sempre presente nos momentos importantes (aniversários, festas da escola, doenças). «Nunca falhou!», garante, explicando que «não está fisicamente, mas está sempre muito próximo.» Tipo adolescentes, estão sempre a trocar mensagens. Entre a reunião do Secretariado Nacional e a da Comissão Política reunida para aprovar as listas de deputados, António Costa saiu do Largo do Rato para jantar. Lá fora, esperavam-no alguns jornalistas, ávidos de notícias frescas. António Costa desejou-lhes bom trabalho, mas não largou o telefone.

Adivinhe com quem falava...

 

A «emigração» para a província

Fernanda aguentou as campanhas eleitorais, as reuniões políticas, as desoras de quem tem cargos públicos.

Quando Costa foi para o Parlamento Europeu, Fernanda não chegou a mudar-se, mas tirou uma licença sem vencimento para conseguir dar assistência ao marido, em Bruxelas, e aguentar os filhos, em Lisboa.

Instalar-se em Fontanelas veio mudar muita coisa. Com um piso térreo, deixou para trás as dores de subir três andares com crian ças, compras e gás às costas. Começou a fazer longas caminhadas à beira-mar, sobretudo no inverno e descobriu a paixão pela jardinagem.

Sim, é ela quem trata do jardim, porque «António não distingue um ancinho de uma tesoura », garante Sérgio Sousa Pinto. Pôde começar a deixar as crianças na escola até mais tarde, quando era preciso, ou ter o dono da escola a dar boleia aos filhos -luxos de viver na província.

Além disso, pela primeira vez na vida, Fernanda conseguiu ser colocada perto de casa.

Foi Sérgio Sousa Pinto quem os levou a ver aquele empreendimento. «Aquilo tinha um ar pré-insolvente, mas fui convencido que ia ser um grande sucesso», conta. Comprou lá casa e Fernanda e António também. Poucos meses depois, o empreiteiro faliu. Faltavam arruamentos, candeeiros públicos e sabe-se lá que mais.

Hoje recorda, divertido, que para conseguir ver o Gladiador tiveram de ir umas «quatro ou cinco vezes a uma casota onde estava o contador da obra para ligar a eletricidade». Mas tudo se compôs e, 14 anos depois, ainda lá estão. É o seu refúgio, onde recebem os amigos (quase todos fora da política), onde Costa faz os seus puzzles (que não desmonta mas tem o compromisso de tirar da mesa do sótão ao acabar) e tem tempo para se dedicar à cozinha. «Ele é tipo artista: só cozinha às vezes. Mas faz um ótimo bife wellington », revela o vizinho.

Quando Costa ganhou a Câmara e se instalou em Lisboa (com Pedro, que entrara na faculdade) porque não conseguia ir todos os dias a casa, Fernanda manteve-se em Fontanelas.

Fazia a sua vida (e votava) em Sintra, mas passava com regularidade no poiso da cidade, para garantir que havia sempre qualquer coisa no frigorífico. Não conseguia era acompanhá-lo a todas. «Eu trabalhava loucamente. Tinha lá tempo para me arranjar e ir para um evento! Não me ia tornar uma má docente ou faltar para acompanhar o presidente da Câmara», explica.

Hoje quase tudo mudou.

Acredita que «as crianças têm a expectativa de ter uma educadora divertida, não uma avó» e que «a partir de determinada idade é difícil» correr atrás deles. Rescindiu contrato. Com a indemnização comprou um apartamento para rendimento, porque a reforma só chegará, como a toda a gente, aos 66 anos e dois meses.

Sente, portanto, que uma fase da sua vida acabou e que está outra a começar. Di-lo com uma ponta de apreensão subtil, que rapidamente se desvanece. O otimismo corre-lhe nas veias, vindo da avó Júlia, a mulher mais «otimista e batalhadora» que conheceu. Durante este ano, descansou. Daqui para a frente não sabe bem.

 

 

Na noite eleitoral. No tradicional hotel Altis, a 4 de outubro

Na noite eleitoral. No tradicional hotel Altis, a 4 de outubro

Rui Duarte Silva

«Nunca estive ao pé do António e senti-me sempre culpada», por isso apresenta-se mais disponível para as campanhas (de que nunca foi uma habituée, mas se porta como «uma de nós», segundo a socialista Idália Moniz). Agora não só tem mais tempo, como sente que tem mesmo de ir. Porque tem «muita confiança» no seu «maridinho», mas sobretudo pelo País. «É preciso», confessou.

Sim, «é desta!» que Fernanda vai votar no marido -será a primeira vez.

FERNANDA EM 10 PONTOS

 

 

Marcos Borga

1. Nasceu a 18 de outubro de 1959, em Carnide. Foi filha única de uma mãe doméstica e um pai que fez carreira a reparar máquinas na Teixeira Duarte

2. Formou-se na Escola Superior de Educadoras de Infância. Mais tarde, tirou a licenciatura em educação especial e uma pós-graduação

3. Casou, pelo civil, com António Costa, em julho de 1987. Não fizeram copo de água. Só pensavam em fugir para Veneza...

4. Tem dois filhos Pedro, de 25, e Catarina, de 22 anos e um beagle chamado Rufus

5. Não é sócia de nenhum clube desportivo nem filiação partidária, mas em 2014 inscreveu-se como simpatizante do PS para poder votar no marido

6. Em 2008 participou na Marcha dos Indignados, que levou milhares de professores para a rua, em protesto contra o Governo socialista

7. Aderiu ao Programa de rescisões por mútuo acordo em 2014.

8. Otimista por natureza (e por herança da avó Júlia), é fã de caminhadas e de jardinagem e adora dançar

9. Muito cumpridora. «Até uma senhora de muleta passou a rua num sinal vermelho e a Fernanda não», conta uma amiga

10. Não faz puzzles. E só deixa António juntar as peças se ele as tirar da mesa do sótão quando acabar.

 

«GOSTAVA MAIS QUE ELE FIZESSE TAPETES DE ARRAIOLOS»

Conheceram-se no liceu Passos Manuel, onde não havia muitas raparigas e, por isso, eram «tratadas como princesas», lembra Fernanda. Cruzou-se com António no sexto ano.

Estavam na mesma turma e rapidamente se tornaram «melhores amigos», num grupo que incluía Manuel Monteiro (ex-líder do PP) ou Hermína Vilar (ex-vice reitora da Universidade de Évora). Passavam tardes em casa uns dos outros, passeavam pelos jardins da Gulbenkian, iam ao cinema e discutiam muito. António, já muito politizado, Fernanda era mais discreta mas não menos atenta.

Um ano, o grupo combinou repetir umas férias no Algarve.

Coincidência ou não, à última hora mais ninguém foi, a não ser os dois. Foi então em Lagos que os «melhores amigos» perceberam que, afinal, entre ambos, havia algo mais. O namoro pegou na praia D. Ana e nunca mais se largaram. «Nos filmes é sempre assim», diz Fernanda.

Fizeram há dias 28 anos de casados. Ultrapassaram a crise (típica) do «quem lava a loiça» e outra, mais difícil, de quando «António teve a ousadia de tirar a carta e se quis apropriar» do AX novinho em folha de Fernanda. José Manuel Tadeu, pai de Fernanda, viu as coisas mal paradas e, «com medo que desse em divórcio», deu à filha uma 4L carrinha.

Passaram anos a discutir -muito. E a rir -muito -também. Tiveram dois filhos (Pedro e Catarina) e dois cães (Júnior e Rufus) com os quais António perdeu o pânico aos cães. Têm, garantem os amigos, um casamento leal, sólido e muito feliz, apesar do pouco tempo que conseguem passar juntos.

Quando fizerem as bodas de pérola (e António sabe o quanto Fernanda gosta de pérolas!), quem sabe, talvez façam o tal copo de água que Fernanda se arrepende de não ter tido.

 

http://visao.sapo.pt/actualidade/portugal/2015-11-27-O-apoio-secreto-de-Costa

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autoria Sandra P. às 14:58


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